Sobre

Alverindo começou no mundo da música muito cedo, com apenas oito anos de idade. Enquanto diversas crianças estavam na rua de sua casa jogando bola, bolinha de gude, esconde-esconde, e outras brincadeiras comuns da época (1998), ele estava fazendo aulas de teclado na Comunidade Kolping Cristo Rei (Itapevi – SP).

Seu pai (também de nome Alverindo), era seu maior incentivador, pois enfrentava sol e chuva para levá-lo a pé (2,2 km) para a aula. O instrumento era o teclado, e o pequeno Alverindo não tinha tal aparelho para realizar as práticas fora da aula, isso fazia com que ele não faltasse em nenhum estudo.

Alverindo sempre chegava mais cedo nas aulas (cerca de 30 minutos de antecedência) para poder repassar os ensinamentos da aula anterior. Por diversas vezes ele conseguiu chegar cedo e relembrar as aulas, mas em um dia específico, o professor o viu na sala e perguntou porque ele tinha chegado mais cedo, Alverindo respondeu que sempre fazia isso porque não tinha o instrumento para praticar em casa. Isso emocionou o professor que colocou mais dedicação nas aulas e deu oportunidade para Alverindo tocar em eventos oficiais da Comunidade.

Após dois anos de aulas de teclado, o professor alertou que não tinha mais conteúdo para passar. Nesse contexto, Alverindo ficou sem aula e sem o instrumento. Ao saber da notícia o pároco local (Pe. Roberto Fornoni) comprou um teclado por R$ 350 reais (na época equivalia a 2.9 salários mínimos) e deu de presente ao então também coroinha da igreja.

Com o teclado usado (porém bem conservado), o jovem músico começou a se dedicar muito mais do que já se dedicava. Seu pai o colocou no grupo da igreja e, semanalmente, o aprendiz tocava nas missas e eventos. Alverindo tocou na igreja durante 20 anos seguidos, sendo este período, absolutamente importante para o incentivo à aprendizagem e a construção do conhecimento no mundo da música, por meio da prática rotineira da manipulação do teclado.

No meio dessa longa jornada, passou por alguns grupos locais (pagode, forró eletrônico, rock, reggae, sertanejo). No último estilo (o sertanejo universitário), algumas pessoas incentivaram o Alverindo sobre a possibilidade de obter uma sanfona, pois o estilo ficava mais harmônico com o instrumento. Após diversas procuras pelo instrumento (raridade em São Paulo na época), achou-se um bem deteriorado de 1960 por R$ 3500,00.

O ano era 2016 e após algumas reformas de teclas, afinação, alinhamentos, captação, ela ficou apta a ser tocada nos bares da cidade. Pode-se dizer que foi além do preço de compra mais uns R$ 2000,00 investidos. Por três anos, Alverindo tocou sertanejo com uma dupla de irmãos em São Paulo (Cris e Naldo), mas o forró sempre foi sua maior paixão e por conta disso resolveu fazer uma visita aos parentes na Bahia (tios/as, primos/as).

Após 2 meses na Bahia estourou a pandemia e a impossibilidade de voltar para São Paulo (rodoviárias e aeroportos fechados) tal situação fez com que ele aguardasse o período na Bahia. No tempo livre, de isolamento social, ficou estudando as músicas regionais do Nordeste, na roça de sua tia Ildonete. Conheceu artísticas que nem sabia que existiam, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Anastácia, Mestrinho, Elba Ramalho, entre outros. A complexidade presente nas músicas de Dominguinhos fez com que ele se apaixonasse ainda mais pelo estilo raíz, pois antes só tinha conhecimento do forró eletrônico.

Diante do contexto pandêmico e o contato com o forró pé de serra, o artista Alverindo tomou a inusitada decisão de ficar na Bahia e dar continuidade a sua carreira de artista com foco no forró tradicional. Atualmente continua os estudos na sanfona, participando de encontros de sanfoneiros, festas juninas, eventos regionais, e festejos entre amigos, parentes e amantes do forró.